sábado, 20 de novembro de 2010

Paradigma Materialista nos estudos da linguagem - Discurso

Dentro desse paradigma existem três diferentes análises do discurso européias, que serão explicitadas abaixo:


A TENDÊNCIA FRANCESA
Essa tendência irrompe a partir do questionameto sobre o estruturalismo na década de 60. Contestava-se o fato do estruturalismo ter como um de seus objetivos descrever as regularidades do sistema, ou seja, da língua, sem levar em conta fatores externos à ela, como por exemplo, a história. 
A tendência francesa mobiliza 3 regiões do conhecimento, o marxismo (materialismo histórico/relações de poder econômico/luta de classes), a psicanálise (teoria do sujeito) e a linguística (organização interna da língua), para propor uma descrição e interpretação da vida dos signos na sociedade.
Em relação ao corpus, há um privilégio de grandes conjuntos de textos escritos, buscando compreender as condições que possibilitam a sua emergência em uma determinada época e não em outra;
Além disso, essa tendência propõe uma ruptura epistemológica em relação à língua saussuriana, tendo como objeto o discurso, e não mais a língua fechada em sí mesma.

A TENDÊNCIA ANGLO-SAXÔNICA
Se inspira sobretudo nos trabalhos de Austin acerca dos atos de linguagem (a linguagem se organiza em diversos atos, tais como, os locucionais, de descrição, de orientação, de intimidação e etc..), e busca compreender as regras pragmáticas que organizam o agir linguageiro dos atores numa situação de comunicação e interação dada.

A TENDÊNCIA ALEMÃ
Essa tendência é guiada pela teoria do agir comunicacional de Jürgen Habermas e busca construir um modelo teórico para a crítica da autoridade e da desigualdade nas interações discursivas e sociais, partindo da hipótese de que é o discurso que permite aos parceiros discursivos se encontrarem sobre um terreno cultural e interpretativo comum.

Veremos agora, as tendências brasileiras:
  • Tendência Pecheutiana, de Michel Pêcheux: analisa as relações entre discurso e ideologia e a inscrição da língua na história. Essa tendência se divide em: Histórica (quer compreender as condições de emergência dos discursos), Linguístico-Enunciativa (quer compreender a presença ou ausência do alhures; do interdiscurso no fio do discurso, no intradiscurso) e Pragmática (quer compreender as razões pelas quais determinadas interpretações circulam na sociedade e outras não).
  • Tendência Foulcaultiana, de Michel Foucault: analisa as condições de possibilidade de irrupção dos discursos na sociedade.
  • Tendência Bakhtiniana, de Mikail Bakhtin: analisa a construção dos discursos na relação entre o "eu" e o "outro", pregando que o discurso é dialógico, ou seja, compreende várias 'vozes'.
  • Tendência crítica, de Norman Fairclough: analisa como as lutas sociais se materializam em práticas discursivas.